
INFORMATIVO
Este espaço serve para divulgação de textos, letras de músicas, vídeos, documentários, histórias e demais conteúdos informativos sobre o Grupo Senzala e sobre a capoeira em geral


Mestre Bimba
Manuel dos Reis Machado (Mestre Bimba), nasceu em 23 de novembro de 1899, no bairro de Brotas, Engenho Velho, cidade de Salvador da Bahia. O filho de Luís Cândido Machado, um jogador famoso batuque, e Martinha do Bonfim, ele se tornaria um dos homens mais bem conhecido e reverenciado na Bahia.
Numa altura em que a capoeira ainda era marginalizado, Bimba exercido várias profissões, mas ele também se destacou na capoeira. Devido à intensa perseguição que os praticantes de capoeira experiente, tornou-se óbvio para Bimba que a forma de arte estava morrendo. Como foi se tornando cada vez mais folclórico, também foi perdendo seu aspecto de luta original. Um homem à frente de seu tempo, imaginou uma capoeira Bimba renovada e ele partiu para fazer essas mudanças, transformando o velho em capoeira que ele chamou de Baiana Regional. Desenho de suas habilidades nesta capoeira velha e Batuque (que ele aprendeu com seu pai), Bimba criou o seu novo estilo de capoeira, acreditando fortemente que poderia se tornar tão respeitável como as outras artes marciais que tinham vindo para o Brasil da Ásia. Em 1932, Mestre Bimba fundou a primeira academia de capoeira em Engenho Velo das Brotas e também continuou a ensinar nas casas das pessoas. Em 9 de junho de 1937, Bimba oficialmente registrou sua escola de capoeira com o Secretário de Serviços de Saúde, Educação e público - tornou-se sua a primeira academia de capoeira legítimo no Brasil. Bimba ensinou capoeira, eventualmente, no serviço militar, e, em seguida, em 1942, ele abriu sua academia segundo.
Foi em 23 de julho de 1953, quando o presidente Getúlio Vargas assistiu a uma apresentação de capoeira no Palácio da Aclamação e declarou que - "a única verdadeira capoeira" - um esporte nacional, que a capoeira Bimba entrou numa nova fase. Capoeira de Mestre Bimba ganhou rapidamente notoriedade - ele teve sua parcela de críticos, muitos deles dos mais antigos praticantes de capoeira que criticaram iniciativas criativas de Bimba. Ele foi denunciado como tendo "embranquecida" a arte da capoeira e, assim, traiu seu passado. Ironicamente, Mestre Bimba era bem versado na cultura afro-baiana, tendo batia nas casas afro-brasileiros do candomblé por muitos anos e ter se casado com uma Mãe de Santos, o chefe de um Terreiro. Ele reviveu muitas das danças folclóricas que foram sendo deixados pelo caminho, como maculelê, puxada de Rede e samba de roda, tendo orgulho na herança afro-baiana e apresentá-las para um público de classe média e alta pela primeira vez. Hoje, quase todo academia pratica uma dessas formas de arte e apresentações são comuns, graças aos esforços de Bimba.
Um jogador talentoso berimbau - alguns dizem que um dos melhores da Bahia - Bimba ressaltou a importância da música na capoeira, tanto na criação da roda e nos próprios jogos. O afastamento da música moderna capoeira (muitas vezes referida como Regional, mas mais precisamente descrito como um estilo contemporâneo) é uma conseqüência das mudanças trazidas por alguns alunos de Bimba e seus descendentes, e não reflete sua própria filosofia.
Graças ao Mestre Bimba, a capoeira decolou na Bahia e, eventualmente, se expandiu para o resto do Brasil, onde tinha sido apagado por perseguição. A velha forma de capoeira também se beneficiou do trabalho de Bimba, como ele forçou seus adeptos antigos para se unirem e tentar definir a sua arte a partir. O termo "Capoeira Angola" começou a ser usado, substituindo os termos mais comuns "Vadiação", "Brincadeira de Angola", ou simplesmente "Capoeira".
Em 1973, Mestre Bimba se mudou com sua família inteira para o estado de Goiás, uma decisão muito controversa, e que ele tomou na amargura, sentindo que as autoridades do estado da Bahia não reconhecer o valor de seu trabalho. Infelizmente, suas expectativas em Goiás não foram cumpridos e que ele e sua família lutou com a pobreza. Mestre Bimba morreu de um acidente vascular cerebral em 5 de fevereiro de 1974, sem dúvida, provocada por sua grande tristeza.


Mestre Pastinha
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Vicente Ferreira Pastinha (Salvador, 5 de abril de 1889 — Salvador, 13 de novembro de 1981), foi um dos principais mestres de Capoeira da história.
Mais conhecido por Mestre Pastinha, nascido em 1889 dizia não ter aprendido a Capoeira em escola, mas "com a sorte". Afinal, foi o destino o responsável pela iniciação do pequeno Pastinha no jogo, ainda garoto. Em depoimento prestado no ano de 1967, no 'Museu da Imagem e do Som', Mestre Pastinha relatou a história da sua vida: "Quando eu tinha uns dez anos - eu era franzininho - um outro menino mais taludo do que eu tornou-se meu rival. Era só eu sair para a rua - ir na venda fazer compra, por exemplo - e a gente se pegava em briga. Só sei que acabava apanhando dele, sempre. Então eu ia chorar escondido de vergonha e de tristeza." A vida iria dar ao moleque Pastinha a oportunidade de um aprendizado que marcaria todos os anos da sua longa existência.
"Um dia, da janela de sua casa, um velho africano assistiu a uma briga da gente. Vem cá, meu filho, ele me disse, vendo que eu chorava de raiva depois de apanhar. Você não pode com ele, sabe, porque ele é maior e tem mais idade. O tempo que você perde empinando raia vem aqui no meu cazuá que vou lhe ensinar coisa de muita valia. Foi isso que o velho me disse e eu fui". Começou então a formação do mestre que dedicaria sua vida à transferência do legado da Cultura Africana a muitas gerações. Segundo ele, a partir deste momento, o aprendizado se dava a cada dia, até que aprendeu tudo. Além das técnicas, muito mais lhe foi ensinado por Benedito, seu professor africano. "Ele costumava dizer: não provoque, menino, vai botando devagarinho ele sabedor do que você sabe (…). Na última vez que o menino me atacou fiz ele sabedor com um só golpe do que eu era capaz. E acabou-se meu rival, o menino ficou até meu amigo de admiração e respeito."
Ensino e Difusão
Foi na atividade do ensino da Capoeira que Pastinha se distinguiu. Ao longo dos anos, a competência maior foi demonstrada no seu talento como pensador sobre o jogo da Capoeira e na capacidade de comunicar-se. Os conceitos do mestre Pastinha formaram seguidores em todo Brasil. A originalidade do método de ensino, a prática do jogo enquanto expressão artística formaram uma escola que privilegia o trabalho físico e mental para que o talento se expanda em criatividade. Foi o maior propagador da Capoeira Angola, modalidade "tradicional" do esporte no Brasil.
Em 1941, fundou a primeira escola de capoeira legalizada pelo governo baiano, o Centro Esportivo de Capoeira Angola (CECA), no Largo do Pelourinho, na Bahia. Hoje, o local que era a sede de sua academia é um restaurante do Senai.
Em 1966, integrou a comitiva brasileira ao primeiro Festival Mundial de Arte Negra no Senegal, e foi um dos destaques do evento. Contra a violência, o Mestre Pastinha transformou a capoeira em arte. Em 1965, publicou o livro Capoeira Angola, em que defendia a natureza desportista e não-violenta do jogo.
Entre seus alunos estão Mestres como João Grande, João Pequeno, Boca Rica, Curió, Bola Sete (Presidente da Associação Brasileira de Capoeira Angola), entre muitos outros que ainda estão em plena atividade. Sua escola ganhou notoriedade com o tempo, frequentada por personalidades como Jorge Amado, Mário Cravo e Carybé, cantada por Caetano Veloso no disco Transa (1972). Apesar da fama, o "velho Mestre" terminou seus dias esquecido. Expulso do Pelourinho em 1973 pela prefeitura, sofreu dois derrames seguidos, que o deixaram cego e indefeso. Morreu aos 93 anos.
Durante décadas, dedicou-se ao ensino da Capoeira, e mesmo quando cego não deixava de acompanhar seus alunos. Vicente Ferreira Pastinha morreu no ano de 1981, mas continua vivo nas rodas, nas cantigas, no jogo.
"Tudo o que eu penso da Capoeira, um dia escrevi naquele quadro que está na porta da Academia. Em cima, só estas três palavras: Angola, capoeira, mãe. E embaixo, o pensamento: Mandinga de escravo em ânsia de liberdade, seu princípio não tem método e seu fim é inconcebível ao mais sábio capoeirista.”